quinta-feira, 12 de julho de 2007
Os movimentos anticristãos no mundo! – “O Código da Vinci”
Antes de Dan Brown lançar seu multimilionário best seller "O código da Vinci", foi publicada a obra "O santo graal e a linhagem sagrada", a cargo de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Grande parte da obra de Dan brown se baseia neste livro., assim como a produção do filme que se originou logo após.
Qualquer ser pensante e com o mínimo de senso, é capaz de perceber que nos últimos anos um movimento anticristão vem crescendo gradativamente em nosso meio. Como um vírus letal que se manifesta numa hora especifica, assim são tais movimentos que cada vez mais espalham e semeiam dúvidas, dividem, confundem, atordoa e deixa cada vez mais o ser humano perdido, correndo atrás do vento, buscando algo onde nada tem. Não estou comentando aqui nenhuma religião ou coisa do tipo. Do contrário que muitos desejam pregar, saiba de uma coisa: DEUS não é religião. Religião, nada mais são do que explicações e deduções humanas do que Deus possivelmente possa ser. Não passa disso. De doutrinas vãs. Mas meu desejo aqui é apenas constatar um fato visível e ao mesmo tempo oculto que sorrateiramente vem se “aconchegando” em nosso meio. Hoje temer a Deus, depender dEle e amá-lo está totalmente fora de moda. E, determinados grupos, em todo o mundo, tem se empenhado para que tudo isso se esgote. A fé!
Religiões ateístas, festas pagãs, e mais recentemente filmes, documentários, livros, que tem sido fonte de grande lucro financeiro em todo mundo.
Exemplos não faltam: “O túmulo esquecido de Jesus”, produzido pelo diretor James Cameron, o mesmo que fez Titanic; “O evangelho de Judas”, e o mais famoso digamos assim, o “O código da Vinci”. Será desse ultimo livro que falaremos a seguir.
"Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema (maldito; reprovado)" (Gálatas 1.6-8).
O livro “código da vinci”, desde seu lançamento, vem cativando, no sentido literal da palavra – que quer dizer ‘aprisionando’ – milhares de leitores desavisados por todo o planeta. Promove discussões profanas, semeando e espalhando ainda mais o engano e confusão na mente das pessoas.
Devido ao sucesso, o livro, em 2005 virou filme em Hollywood.
O autor está imbuído em passar doutrinas da Nova Era e que acredita piamente no que escreve como se fosse verdade.
Segundo o romance, "as verdades" sobre Maria Madalena deveriam ter vindo à tona na virada do milênio, entre "o final da era de Peixes e o início da era de Aquário" (p.423).
Resumindo, o romance nos leva por toda uma noite e um dia a pontos turísticos de Paris e de Londres só para tentar nos ensinar que a igreja cristã (especialmente a católica) tem reprimido o conhecimento acerca do casamento de Jesus com Maria Madalena e que isso, caso fosse descoberto, destruiria o cristianismo (pp. 261-267).
O que incomoda é o cinismo do autor em relatar na página preliminar algumas falsas considerações como se fossem fatos. Brown proclama como se fosse verdade: "Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance correspondem rigorosamente à realidade". Então, passaremos deste ponto em diante a checar o romance para ter a certeza se o mesmo corresponde "rigorosamente à realidade".
A historia do livro baseia-se numa série de ficções pseudo-históricas onde os personagens buscam indícios da verdadeira identidade de Jesus Cristo, alegando imprudentemente e insultuosamente que Jesus foi casado com Maria Madalena e que teria deixado uma linhagem de descendentes humanos, alguns dos quais estariam vivos hoje.
Em seu livro, o autor diz de que a divindade de Jesus Cristo teria sido fabricada no Concílio de Nicéia, sob a tutela do Imperador Constantino, em 325. ("Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia", em 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino – paginas 248-252)
Analisando racionalmente, é bem pouco plausível se pensarmos que, como a maior autoridade de Roma, ele nada lucraria ao oficializar uma “Cristologia” que impossibilitava o culto de César. A falta de plausibilidade logo se transforma em total impossibilidade uma vez conhecida a precedência histórica dessa divinização.
Com essa afirmação, Brown revela o seu profundo desconhecimento histórico. Na verdade o Concílio de Nicéia apenas reafirmou a divindade de Jesus Cristo, que já era aceita em textos e testemunhos pessoais desde o século I. Vejamos:
• Inácio de Antioquia: “Pois nosso Deus, Jesus Cristo, foi concebido [...]” [110 d.C.]
• Tatiano, o Sírio: “Nós não estamos sendo tolos, gregos, nem dizendo absurdos quando informamos que Deus nasceu na forma de um homem” [170 d.C.]
• Clemente de Alexandria: “[...] E agora esse mesmo Verbo surgiu como homem. Somente Ele é tanto Deus quanto homem [...]” [190 d.C.]
• Tertuliano: “[...] O único homem sem pecado é o Cristo; pois o Cristo é também Deus” [210 d.C.].
• Orígenes: “Embora ele fosse Deus, tomou a carne; e tendo-se feito homem, manteve-se o que era: Deus” [225 d.C.].
O testemunho do próprio Jesus Cristo: "Eu e o Pai somos um" (João 10.30).
O testemunho dos evangelhos e epístolas:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.1 e 14).
Dos israelitas "são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Romanos 9.5).
"Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino" (Hebreus 1.8).
O testemunho de vida e morte dos apóstolos: todos os apóstolos de Jesus foram presos e/ou mortos sustentando a verdade de que Jesus Cristo era o Messias e ressuscitou. Caro leitor, ninguém sustenta uma mentira sabendo que aquela mentira vai condená-lo à morte. Os apóstolos morreram pela Verdade.
"Os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados na década de 50" (página 251):
Brown errou na década! Os manuscritos do Mar Morto que confirmam a autenticidade de vários textos do Velho Testamento foram descobertos a partir da segunda metade da década de 40, em onze cavernas na região de Qumram.
"Mais de 80 evangelhos foram estudados para compor o Novo Testamento" (página 248):
O autor é ruim também em números! Dos 52 textos gnósticos e filosóficos descobertos em Nag Hammadi, no Alto Egito, apenas cinco eram evangelhos, a saber: Verdade, Tomé, Filipe, Egípcios e Maria.
E mais: os evangelhos de Tomé, Filipe e Maria não foram escritos pelos respectivos personagens bíblicos. Foram escritos mais de um século após a morte de Cristo e só Deus sabe quem eram esses autores que se passaram por Tomé, Felipe e Maria.
O próprio apóstolo Paulo nos alertou sobre autores fraudulentos: "epístolas (cartas) supostamente vindas de nós" (2 Tessalonicenses 2.1-2)
No Concílio de Nicéia, o resultado da votação a favor da divindade de Jesus Cristo foi "meio apertado" (página 250):
... ... ...! O resultado foi uma lavagem a favor da divindade total de Jesus! Dos 318 participantes, 16 se abstiveram de assinar o "Credo de Nicéia". O resultado: 300 votos a favor da divindade total e irrestrita de Cristo (posição já existente na igreja cristã) e 2 votos a favor da divindade parcial e inferior de Cristo (posição defendida pelo padre Ário).
Os descendentes de Cristo geraram a dinastia que hoje é conhecida como merovíngia e fundaram Paris" (página 274):
Paris não foi fundada pelos supostos descendentes de Jesus Cristo, ela já existia séculos antes do nascimento de Jesus Cristo! Em meados do século III a.C., a parisii, uma tribo gaulesa, colonizou a ilha Seine Île de la Cite e fundou a colônia de Lutuhezi, que depois também passou a ser chamada de Lutetia Parisorum. Os merovíngeos apenas tornaram Paris a capital da França em 508 d.C.
"Durante 300 anos de caça às bruxas, a igreja queimou na fogueira a quantidade impressionante de cinco milhões de mulheres" (página 135):
Que hipérbole! Na verdade, na melhor estimativa, foram mortos 30 a 50 mil homens e mulheres, acusados de feitiçaria durante quatro séculos (1400 a 1800). Calcula-se que 25% dessas execuções eram de homens. Sem dúvida, um número muito significante, mas nada em comparação com 6 milhões de judeus mortos durante o Holocausto, nem com os 50 milhões eliminados pelo regime de Mao Tse Tung e muito menos com os 60 milhões dos expurgos de Josef Stalin.
Bem, quem acreditar nas colocações históricas de Dan Brown como verdadeiras, corre um sério risco de ficar burro.
Alguns outros erros históricos foram cometidos no livro, mas não irei salientá-los. Acredito que os que foram relatados já são suficientes para afirmar que os fatos históricos não estão do lado de Dan Brown e que esse romancista não passa de um sofrível professor de história.
Dan Brown: historicamente desautorizado
Segundo o romance:
"O Priorado de Sião – sociedade secreta européia fundada em 1099 – existe de fato.
Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Os Dossiês Secretos, que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci”.
Opa! "Priorado de Sião" ou "Ordem ou Abadia de Sião” ???
Será que houve um inocente equivoco e o autor confundiu uma coisa com outra ou subestimou a inteligência de quem fosse ler seu livro? No mínimo estranho...
O "Priorado de Sião" é um movimento religioso mais recente, que surgiu após a II Guerra Mundial. Sua existência foi anunciada em 1962 após ter sido formalmente estabelecido em 1956. O "Priorado de Sião" não tem qualquer conexão com a "Ordem ou Abadia de Sião" da Idade Média, como o livro reivindicou ser um "fato" na sua página preliminar. O grupo da Abadia foi dissolvido pelo rei Luís XIII da França em 1619.
Mais uma...:
Dan Brown acredita na autenticidade dos "Dossiês Secretos" que contêm os nomes de todos os supostos grão-mestres do priorado e se encontram arquivados na Biblioteca Nacional de Paris, quando, na verdade, não passam de uma fraude.
O fato que Brown não menciona é que o líder do priorado, Pierre Plantard (1920-2000), conhecido como um mascate, anti-semita, católico e fraudulento foi quem criou os falsos "Dossiês Secretos" e quem os depositou na Biblioteca.
Os ditos "pergaminhos conhecidos como os Dossiês Secretos" foram uma invenção de Pierre Plantard (figura ao lado), conforme desmascarado no programa The History of a Mystery (A História de um Mistério) levado ao ar pela Time Watch BBC em 1996. O próprio Pierre Plantard confessou à justiça francesa em 1992 ter sido o criador de todas as peças do Priorado de Sião com o intuito de pô-lo no trono da França como um suposto descendente merovíngeo e de Jesus Cristo.
Há na França três locais onde qualquer pessoa pode obter documentação judicial e criminal sobre Pierre Plantard, a saber: a Prefeitura de Polícia de Paris, a Sub-Prefeitura de St. Julien em Geneveis e o Tribunal de Grande Instância de Thonon les Bains.
Você percebe leitor, como a falta de conhecimento traz facilidade à manipulação, à prisão, mas o conhecimento da verdade nos liberta?
Dan Brown: artisticamente desautorizado
Leonardo da Vinci (1452-1519) viveu durante a Renascença, mas foi um homem à frente de sua época. Foi pintor, inventor, visionário, matemático, filósofo e engenheiro. Dan Brown acrescenta a essa lista que Leonardo era também "homossexual" (pp.54 e 130). As biografias de Leonardo salientam que, em abril de 1476, ele foi anonimamente acusado de sodomia com o assistente de pintura Saltarelli (conhecido homossexual) e que em 7 de julho do mesmo ano o caso foi arquivado por falta de provas.[6, 7] Portanto, não se pode afirmar que era ou não homossexual. Do que temos certeza mesmo são os erros grosseiros cometidos por Brown quando analisou algumas pinturas de Leonardo tentando nos fazer crer que há um código oculto nelas.
A Madona das Rochas (também conhecida como "A Virgem dos Rochedos"):
Quando a personagem Sophie Neveu retira esse quadro dos cabos de sustentação e o põe em sua frente, o autor narra: "Com um metro e cinqüenta, a tela quase escondia o corpo da moça" (p.143).
Bem, basta entrar no site oficial do Museu do Louvre para identificarmos logo de cara que o quadro mede 199 x 122 cm e não "um metro e cinqüenta".[8]
Na seqüência, Dan descreve que foram "as freiras" da Confraria da Imaculada Conceição que encomendaram a pintura para Leonardo (p.148).
Na verdade, a encomenda foi feita pelos padres da Confraria, já que não existia "freira" nessa instituição.
Em seguida, Brown relata: "A tela mostrava a Virgem Maria de túnica azul, sentada com o braço em torno de um bebê, presumivelmente o Menino Jesus. Diante dela se encontrava sentado Uriel, também com um menininho, presumivelmente o pequeno João Batista. O estranho, porém, era que, em vez da cena que costumeiramente se vê, de Jesus abençoando João Batista, era João que estava abençoando Jesus... E Jesus mostrava-se submisso à sua autoridade!" (p.148). O autor inverteu a identidade de João Batista e de Jesus Cristo. Na verdade, Maria está com o braço em torno do bebê João Batista. Já o bebê Jesus Cristo está à esquerda de Maria, abençoando João Batista.[9]
Se você estudar o que os historiadores das artes descrevem sobre esse quadro, vai descobrir que não existe nada do que é narrado por Dan Brown. Essa conversa da "cabeça invisível" de João Batista é mera esquizofrenia artística do autor do romance. O que sabemos de fato é que a mão esquerda de Maria sobre a cabeça de Jesus (e não de João) simboliza proteção. O anjo Uriel seria o "anjo da guarda de João Batista" e aponta em direção a ele.
O autor acertou quando disse que há duas versões de "A Virgem dos Rochedos" (até que enfim acertou uma), mas errou logo em seguida quando tentou explicar o motivo dos dois quadros: "Da Vinci acabou convencendo a confraria a ficar com uma segunda pintura, versão "açucarada" da Madona das Rochas, em que todos se encontravam em posições mais ortodoxas" (p.149).
Na verdade, a primeira versão produzida durante os anos de 1483-1486 encontra-se hoje no Museu do Louvre, já a segunda, feita cerca de 20 anos mais tarde (1503-1506) encontra-se na National Gallery, em Londres. Mas, por que duas versões? "Ocorreu uma complicada e amarga discordância em relação ao pagamento: o artista ameaçou vender a obra a um amante de arte que lhe oferecera obviamente muito mais que aquilo que a Irmandade estava preparada para pagar. Esta disputa foi provavelmente a razão de uma segunda versão da Virgem dos Rochedos – a versão que é possível observar presentemente em Londres e que na verdade decorou a capela dos monges em S. Francesco Grande em Milão no século XVI". A versão mais antiga foi provavelmente adquirida com rapidez pelo amante de arte, possivelmente Ludovico Sforza".[10] Posteriormente, Sforza ofereceu o quadro ao Rei da França ou ao Imperador Maximiliano.
A Mona Lisa:
Quando o professor Robert Langdon, personagem criado por Dan Brown, é questionado se "é verdade que a Mona Lisa é o retrato do próprio Da Vinci, só que travestido?", responde: "É bem possível [...] Mona Lisa não é homem, nem mulher. Traz uma mensagem sutil de androginia. É uma fusão de ambos" (p.130).
Na seqüência, Langdon ensina que as palavras "Mona Lisa" são uma junção do deus egípcio Amon com a deusa egípcia Ísis, "cujo pictograma antigo era L’ISA [...] Amon L’isa" (p.131). E conclui suas considerações com a afirmação: "E esse, meus amigos, é o segredo de Da Vinci, o motivo do sorriso zombeteiro da Mona Lisa" (p.131).
Bem, vamos por etapas, pois é muito devaneio para uma pessoa só.
Primeiro, quem é a modelo na pintura? Algumas hipóteses foram levantadas, mas com certeza, não é Leonardo da Vinci travestido. A alegação mais consistente é de que seja Lisa Gherardim.
"O registro do Battistero di San Giovanni confirma que ela nasceu em Florença, numa terça-feira, em 15 de junho de 1479. [...] Aos 16 anos, Lisa casou-se com um homem dezenove anos mais velho e duas vezes viúvo: Francesco di Bartolomeo di Zanobi Del Giocondo, um dignitário florentino. [...] Na época em que Leonardo começou a pintá-la, ela já tinha tido três filhos, e um deles, uma menina, havia morrido em 1499. [...] E até onde se pode verificar, Lisa não fez nada de excepcional durante sua vida inteira, exceto sentar-se imóvel enquanto Leonardo a desenhava".[11]
Segundo, de onde vem o nome Mona Lisa? Com certeza não é a contração de nomes de divindades egípcias. "A pintura foi intitulada ‘Monna’ Lisa, sendo Monna uma contração da Madonna (mia donna, minha senhora). A grafia "Mona" é incorreta, de origem incerta, mas é a que ficou estabelecida na Inglaterra".[12]
Terceiro, por que o sorriso comedido da Mona Lisa? Não tem nada de "sorriso zombeteiro". Qualquer estudioso ou curioso sobre os quadros de Leonardo vai perceber que aquele sorriso discreto da Mona Lisa não é exclusivo dela. Leonardo pintou outros quadros onde os modelos exibem sorrisos semelhantes, a saber: "São João Batista" (1513-1516); "João Batista com atributos de Baco" (1513-1516); "A Virgem com o menino de Santa Ana" (1510); "Dama com Arminho" (1483-1490). De acordo com Donald Sasson, pesquisador e escritor sobre a Mona Lisa, esse tipo de sorriso discreto fazia parte da etiqueta dos quadros do Renascimento: "Risos – em oposição a sorrisos – são raros nos quadros do Renascimento, e nunca são usados quando a aristocracia e as classes mais altas são representadas. Mona Lisa não ri; ela mostra comedimento e decoro. Um sorriso pode ser considerado como um riso atenuado, como a palavra francesa, sou-rire – "sub-riso" – e a raiz etimológica do latim, subridere, sugerem. No mundo altamente codificado da vida da corte italiana do século XV, sorrisos não são deixados por conta da iniciativa pessoal. Havia numerosos livros à disposição daqueles que desejassem ser introduzidos no código apropriado de comportamento.[13]
Já Giorgio Vasari, biógrafo de artistas e comentarista sobre a Mona Lisa, citou em 1550: "músicos, palhaços e outros artistas ficaram entretendo a modelo, enquanto Leonardo a pintava".[14] Vasari alega ser esse o motivo do discreto sorriso.
O fato é que o sorriso chamava pouca atenção e ninguém o considerava misterioso, mas a partir do século XIX várias teorias conspiratórias surgiram e o marketing do sorriso da Mona Lisa cresceu.
A Última Ceia:
Essa pintura mural de 460 X 880 cm, com técnica de óleo e têmpera sobre gesso, na parede do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, é uma das obras-primas de Leonardo da Vinci. Hoje bastante deteriorada, está em processo de restauração.
E lá vai Dan Brown outra vez: na página 252, o autor chama "A Última Ceia" de "afresco" quatro vezes. Brown desconhece que o artista, quando optou por pintá-la, renunciara à técnica conhecida por "afresco" e escolheu a técnica de óleo e têmpera sobre gesso.[15]
Na seqüência, o "culto" Sir Leigh Teabing insinua que na pintura deveria haver, mas não há, um cálice de vinho sobre a mesa. Ele conclui que a ausência do cálice demonstra que o Santo Graal não é o cálice: "O Santo Graal não é um objeto. Na verdade... trata-se de uma pessoa" (p.253).
Tudo bem, vamos explicar porque não existe o cálice na "A Última Ceia", já que os personagens do livro de Dan Brown desconhecem a história dessa pintura. Os três primeiros evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), relatam que Jesus após cear, tomou um cálice e tendo dado graças, o deu a Seus discípulos. Já o texto de João 13.21-24, apenas revela Jesus indicando que entre eles há um traidor e não mostra Cristo ceando ou bebendo com os discípulos. Foi baseado nesse texto joanino que Leonardo da Vinci pintou esse quadro e, por esse motivo, não aparece o cálice. A ênfase tanto do texto bíblico quanto da pintura não é no pão e no vinho, mas, sim, na surpresa dos apóstolos ao tomarem conhecimento de que entre eles havia um traidor.
Na seqüência, Teabing fala à deslumbrada Sophie que a pessoa à direita de Jesus é uma mulher – "Maria Madalena!" (p.260). E mais: que Pedro, com sua mão esquerda próxima ao pescoço de Maria Madalena, é um sinal de ameaça caso ela passe a ser a líder da igreja (p.265).
Puxa! Dan Brown sofre de alucinações. Primeiro: todos os esboços dessa pintura mural revelam que nela não existe mulher alguma e que a pessoa ao lado direito de Jesus Cristo é João, o amado. Se não for João, onde este estaria na pintura? Segundo: era típico do Renascimento retratar as pessoas supostamente "mais puras e mais santas" com um aspecto efeminado, motivo porque Leonardo o retratou assim (apesar de sabermos que João, o amado, não tinha nada de tão santo assim). Terceiro: se João parece uma mulher, o que dizer de Filipe (o terceiro à esquerda de Jesus)? Quarto: o texto de João 13.24 diz que Simão Pedro fez um sinal a João, "dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere". Essa falácia de Pedro ameaçando uma suposta Maria Madalena não tem nenhum fundamento.
As considerações de Brown sobre as pinturas de Leonardo são um desprezo solene ao conhecimento dos fatos.
Bem, meu conselho é que se algum dia Dan Brown quiser ser seu professor de artes, dê um pinote e saia correndo para não se tornar inculto.
Brown comete ainda outros erros artísticos, mas os relatados já são suficientes.
O hilariante é que nos agradecimentos do livro, Brown revela a profissão da sua esposa: "E minha esposa, Blythe – historiadora de arte, pintora, editora de primeira linha e, sem dúvida, a mulher mais incrivelmente talentosa que jamais conheci". Mesmo?? Pare de me fazer cócegas,
Dan Brown: teologicamente desautorizado
"O tetragrama judaico YHWH – o nome sagrado de Deus – na verdade derivava de Jeová, uma união física andrógina entre o masculino, Jah, e o nome feminino pré-hebraico de Eva, Havah" (pp. 328-329):
YHWH não deriva de Jeová. Pelo contrário, Jeová é que é uma adaptação da palavra YHWH. O tetragrama hebraico YHWH, sem qualquer vogal, era impronunciável. A sua provável vocalização era "YAHWEH" (Iavé). Foram os escritores cristãos, no século 16, que "introduziram Jeová sob a noção errônea de que as vogais que usavam eram as corretas. Jeová é um substantivo artificial criado a menos de 500 anos, e certamente não é um substantivo antigo e andrógino do qual YHWH deriva".[16]
"O Santo dos Santos do Templo de Salomão abrigava não só Deus como também sua poderosa consorte feminina, Shekinah". Homens vinham ao Templo fazer amor com as sacerdotisas e assim experimentavam o divino (p. 328):
O que o autor está afirmando é que Deus tinha relação sexual com sua consorte feminina (Shekinah) dentro do Santo dos Santos. Mais: que os judeus faziam sexo ritualístico com sacerdotisas no mesmo templo. Isso é terrivelmente estranho e profano! E não tem o respaldo de nenhum texto hebraico sério!
Bem, no Santo dos Santos só entrava o Sumo Sacerdote, uma vez ao ano, para derramar sangue de animal no propiciatório como remissão dos pecados do povo de Israel. Qualquer pessoa que ousasse entrar no Santo dos Santos, além do Sumo Sacerdote, era prontamente eliminada por Deus. Deus se manifestava como uma nuvem que cobria o tabernáculo (Êxodo 40.34-38; Números 9.15-23; 1 Reis 8.10-11).
Apesar da palavra Shekinah não aparecer na Bíblia Sagrada, é a palavra hebraica para designar "a manifestação da presença de Deus" sobre a arca da aliança. Os israelitas chamam a nuvem sobre o Santo dos Santos de "Shekinah" (a manifestação da presença de Deus). Shekinah não é um dos nomes de Deus e muito menos de sua "consorte feminina". A propósito, essa história de divindade com sua consorte feminina é doutrina hindu e não acha guarida na teologia judaico-cristã.
Na verdade, Dan Brown tentou transformar o local mais santo do Velho Testamento (o Santo dos Santos) em um quarto de motel.
"Maria Madalena é o Santo Graal [...] a esposa de Jesus [...] e não era prostituta (pp. 260-267):
Essa hipótese é baseada em alguns textos gnósticos, a saber: Evangelho de Filipe, Evangelho de Tomé e Evangelho de Maria. É essa calúnia que nos é ensinada no "O Código Da Vinci".
Os textos gnósticos têm autoria espúria (por exemplo, ninguém sabe quem é o autor do Evangelho de Filipe).[19] Suas datas são tardias (nenhum texto gnóstico se situa antes de 150 d.C. e, conseqüentemente, não foram escritos por testemunhas oculares).[20] Mais: seus conteúdos são fraudulentos, sem senso cronológico, sem qualquer pesquisa geográfica ou contexto histórico e cheios de discrepâncias com os textos do Novo Testamento que são confirmados historicamente.[21] Os evangelhos gnósticos são desconexos e indicam aversão aos fatos. Uma constelação de disparates.
Querido leitor; permita-me ser mais sincero: Dan Brown como aspirante a teólogo é um calhorda e seu romance parece mais um daqueles tablóides londrinos, mexeriqueiro, anticristão e tosco. Entre esse suposto teólogo e sua obra, não sei qual é o pior.
Sobre a adoração à "Mãe Terra" (pp. 135-136):
"Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém" (Romanos 1.22-25).
A natureza é criação do nosso maravilhoso Deus. Cuidar dos diversos ecossistemas e preservar a natureza é dever do cristão. Deus entregou essa responsabilidade ao homem desde o início do planeta Terra (Gênesis 1.26 a 31). Mas os esotéricos, seguindo os passos do hinduísmo, estão mais e mais colocando a ênfase maior na criação e não no Criador.
Só existe um único Deus, transcendental e separado da natureza. No esoterismo, Deus é a natureza e está dentro de cada elemento da criação (isso é panteísmo, uma velha doutrina do hinduísmo). Os místicos jogaram fora o conceito de um Deus único, Criador e transcendental, e advogam a deificação do homem e da natureza.
A personificação da Terra é conhecida como teoria Gaia. Gaia é a deusa da Terra na mitologia grega e romana – a "Mãe Terra!"
Os esotéricos ensinam que "Gaia", a deusa Terra, somos nós e nós somos ela. Acreditam que todos são um, pois todos surgiram supostamente de uma única célula (monogênese).
A proposta de parceria com a natureza soa convidativa, mas não confortaria e tampouco enxugaria as lágrimas dos milhares de familiares que perderam seus entes queridos vitimados pela fúria da natureza. Sejam sufocados e putreficados sob os escombros e entulhos provocados pelos terremotos avassaladores que atingiram a Turquia e a Índia; esmagados pelos destroços deixados por furacões na Flórida; de inanição nas secas do Nordeste ou afogados nas enchentes do Sul do Brasil. Para aquelas e outras vítimas da natureza, a "deusa Gaia" não poderia ter sido mais cruel, malvada e impiedosa. Somos responsáveis pelos nossos próprios atos.
De cada escolha nossa, de cada atitude, sofremos suas conseqüências. Temos a liberdade de escolhermos o caminho que quisermos, mas não querer sofrer as conseqüências desses caminhos é impossível. Isso é o livre arbítrio. Deus criou o universo, Deus criou nosso planeta. Cabe a nós cuidar muito bem dele e preservá-lo para vivermos bem. Conclusão meio obvia essa! Assim como você ou alguém na sua casa mantém tudo limpo e em ordem. Do contrário, você viveria no meio de mofo, bactérias, doenças e etc...
É exatamente o inverso da pregação esotérica que nos ensina a preservar o planeta Terra como um método para descobrirmos o deus que supostamente somos. A ecologia esotérica apregoa que preservando a natureza vamos despertar em nós a deusa Gaia. Aceitar essa doutrina mística é beber profundamente no poço pagão do hinduísmo, é ser tão míope ao ponto da criatura querer ser igual ao seu Criador. É cair no conto da serpente do Éden: "sereis iguais a Deus" (Gênesis 3.5).
Conclusão
Dan Brown é muito vivo ou muito covarde. Ele não responde às acusações dos vários padres, teólogos, historiadores, jornalistas e artistas que literalmente descredenciaram "O Código Da Vinci". Brown dá entrevistas em redes nacionais, faz palestras, mas não participa de debates. Vive sossegado escrevendo outros romances, em sua casa no estado de New Hampshire.
Dan Brown nos entregou um cruel chiqueiro com o rótulo de uma pesquisa séria e erudita, ensinando uma linhagem gnóstica-esotérica. Muita palhaçada para um livro só.
A esmagadora maioria dos seus leitores aceitou suas mentiras cadavéricas como sendo verdades preciosas. Poucos são aqueles que o questionaram. A maioria pratica uma leitura anestesiada.
O Dr. Tony Carnes, jornalista e professor da Columbia University, nos adverte: "Brown leva o leitor por caminhos traiçoeiros com um estilo de ‘ficção dominadora’. Ele tenta atropelar as faculdades mentais do leitor com falsificações grosseiras proferidas por autoridades fictícias de prestigiosas universidades como Harvard e Oxford. Cita fontes incorretamente ou refere-se a outras de que ninguém jamais ouviu falar, apresenta fatos não comprováveis e insulta com apelações como ‘todas as pessoas inteligentes sabem sobre isso"’.[22]
Fontes:
*www.chamada.com.br - Dr Samuel Fernandes Magalhães Costa
*O Código DaVinci - Enganoso e ofensivo por Ed Hindson em 05 de julho de 2004 – Mídia Sem Máscara
Muito além do Código Da Vinci por Caio Rossi em 02 de junho de 2006 – Mídia Sem Máscara
1.The official web site of bestselling author Dan Brown. Video: Good Morning America (Host: Charlie Gibson). http://www.danbrown.com/novels/davinci–code/breakingnews.html
2.Lutzer, Erwin, A Fraude do Código Da Vinci. Editora Vida. São Paulo, SP, 2004, páginas 34-35.
3.Id.
4.Garlow, James L.& Peter Jones, Desmascarando o Código Da Vinci. A. D. Santos Editora. Curitiba, PR, 2004, página 78.
5.The History of The Temple Church. http://www.templechurch.com/pages/history/church/churchhistory8.htm
6.Frère, Jean-Claude. Pintor, Inventor, Visionário, Matemático, Filósofo, Engenheiro Leonardo da Vinci. Editions Pierre Terrail. Paris, França, 2001, página 204.
7.Zöllner, Frank, Leonardo. Benedikt Tashen Verlag GmbH. Koln, Alemanha, 2000, página 92.
8.The Louvre Museum Official Website – Paintings. http://www.louvre.fr/anglais/collec/peint/inv0777/peint–f.htm
9.Zöllner, Frank, Leonardo. Página 30.
10.Id., página 33.
11.Sasson, Donald, Mona Lisa – A história da pintura mais famosa do mundo. Editora Record. Rio de Janeiro, RJ, 2004, páginas 34 e 35.
12.Id., página 14.
13.Ibid., página 25.
14.Ibid., página 23.
15.Frère, Jean-Claude. Pintor, Inventor, Visionário, Matemático, Filósofo, Engenheiro Leonardo da Vinci. Página 9.
16.Welborn, Amy, Decodificando Da Vinci. Editora Cultrix. São Paulo, SP, 2004,
17.Bock, Darrell L., Quebrando o Código Da Vinci. Novo Século Editora Ltda. Osasco, SP, 2004, páginas 35-36.
18.Pagels, Elaine, Os Evangelhos Gnósticos. Editora Cultrix. São Paulo, SP, 1990, página 91.
19.Lutzer, Erwin, A Fraude do Código Da Vinci. Páginas 51-53.
20.Id., páginas 53-54.
21.Ibid., páginas 54-58.
22.Artigo "The Wiccan Holy Grail", by Tony Carnes. SCP Newsletter. SCP Inc., Berdeley, CA, USA, Fall 2003, volume 28:1, páginas 8-9.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário